terça-feira, 24 de julho de 2012

Iná Poggetti


Os descompromissados.

Considerações que me vêm à mente com frequência hoje em dia.

Todos gostamos de dizer que estamos numa era tecnológica que facilita e dinamiza as comunicações, torna mais ágil as trocas de informações entre as pessoas e mais um monte de adjetivos elogiosos a essa nossa “nova” condição como seres humanos – privilegiados com relação a culturas anteriores!!

O que realmente vemos acontecer? Pelo menos, no que me diz respeito, vejo acontecer tudo, menos o uso correspondente dessa mesma tecnologia.

Quanto mais facilidade, menos compromisso as pessoas sentem em relação às comunicações entre pessoas de seus relacionamentos. E-mails automáticos, respostas rápidas oferecidas por aplicativos, feedbacks imediatos feitos por computadores, e por aí afora.

Não estou criticando a tecnologia como modo de aperfeiçoamento, mas sim estou criticando a forma como as pessoas a usam, ou deixam de usar.

Você manda um e-mail para uma empresa, perguntando sobre um produto, e ela nunca mais entra em contato contigo. Isso porque ela disponibilizou tal ferramenta para comunicação.

As desculpas que ouço de empresas, melhor, de executivos de tais empresas é que na maioria das vezes, tais comunicações são propagandas, spam, lixo. Tá! Concordo. E como fica a comunicação séria, real, a que interessa às pessoas e empresas? Relegada às traças! Então, por que usar?

Essa confusão que se estabelece, não só no âmbito empresarial, mas também no pessoal, só tende a piorar e colocar a todos num mutismo geral.

Falando em âmbito pessoal, repassar e-mails e comunicações sem filtro, sem critério, virou moda. Não estou falando do filtro do seu computador, do tio Google, e outros mais. Estou falando do seu filtro pessoal. Do seu critério.

Não responder e-mails, não responder perguntas, não dar retorno de nada é moda agora. “Sou muito ocupado, não tenho tempo de selecionar mensagens” é o que se ouve com maior frequência. As pessoas evidenciam e valorizam seu status sendo muito ocupadas.

E quando você contrata um serviço, e depende daquela comunicação para gerar receita, continuar seu negócio, pagar a pessoa que você contratou, e ela também não responde ou demora eternidades para fazê-lo?

Talvez fosse melhor termos menos tecnologia e maior seriedade nos compromissos? Pode ser uma alternativa.

Não tenho informações passadas, presentes e futuras, mas posso fazer uma assunção quanto ao ser humano... acredito que ele tem estado muito sozinho, mais sozinho do que nunca.

Desvalorizado por si mesmo, atribuindo à tecnologia uma personalidade que ele não enxerga mais em si mesmo. Supondo de um lado menos compromisso com as responsabilidades que assume e jogando mais responsabilidades em máquinas que fazem (supostamente) o trabalho por ele.

Doce ilusão. Estamos perdendo nossa noção de SER e esvaziando ainda mais nossa forma de vida, supondo que estamos melhorando nosso modo de vida.

Aí está o verdadeiro domínio das máquinas e, nós é que estamos dando esse poder a elas. O alegado “poder” das máquinas aumenta à medida que nosso repertório de comunicação decresce. E decresce porque não sabemos mais viver sem um celular, sem um computador, sem algo “tecnológico”. Depositamos nessa tecnologia todo nosso “status”.

O grande desafio que se mostra é a forma como nossa percepção trabalha somente com informações a curto prazo. Não estendemos nosso olhar para um período mais longo da História, para entendermos melhor como essa mudança gradual se torna imperceptível a quem analisa e vive somente o momento presente.

Encaixa-se bem aqui a história do sapinho que conta:

Certa vez, um cientista decidiu fazer uma experiência com a capacidade térmica dos sapos. Ele pegou duas panelas, uma com água fervente e outra com água fria. Colocou as duas no fogo e jogou um sapo em cada uma. Na primeira, com água fervente, o sapo pulou desesperadamente para fora da panela, numa resposta imediata ao seu sistema de defesa. Na segunda, o sapo continuou dentro da panela. Sem se dar conta de que a água estava esquentando gradativamente, nem se mexeu. Não sentindo as mudanças a sua volta, pois seu organismo não responde a mudanças lentas de temperatura, acabou morrendo cozido.”

Abraços, Iná

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